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Archive for novembro \19\-03:00 2009

Quem lia os quadrinhos do Sandman, como eu, já viu um trecho que a personagem cita como sendo de um poeta, ou seja, o Neil Gaiman deixa isso claro, não dá a entender que seja dele, mas mesmo assim eu vejo as palavras reproduzidas por aí com créditos para o autor de Sandman. Então resolvi trazer a tradução e o original; trata-se de versos de 3.000 anos AEC (Antes da Era Comum), encontrados em uma pirâmide do Egito. Espero que com isso se pare de dizer que o texto é mais um produto da genialidade do Neil (ainda que ele seja mesmo digno de algo assim).  Eis:

“A morte está diante de mim hoje:
como a recuperação de um doente,
como ir para um jardim após a doença

A morte está diante de mim hoje:
como o odor de mirra,
como sentar-se sob uma vela num bom vento

A morte está diante de mim hoje:
como o curso de um rio,
como a volta de um homem da galera para a sua casa

A morte está diante de mim hoje:
como o lar de um homem que anseia por ver,
após anos passados como um cativo”

(cf. recitado por Sandman)

“Death is before me today
Like the recovery of a sick man,
Like the going forth into a garden after sickness

Death is before me today
Like the odor of myrrh,
Like sitting under a sail on a windy day.

Death is before me today
Like the course of the freshet,
Like the return of a man from the war-galley to his house.

Death is before me today
As a man longs to see his house
When he has spent years in captivity.”

(Pyramid Texts, 3000 BC, cf. Miriam Lichtheim: ‘Ancient Egyptian Literature’, Part I, 1973)

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O planeta do Pequeno Príncipe era pequeno, mas tinha gravidade suficiente para lhe dar um lugar para ficar de pé.

Como você começa um projeto? Às vezes, os pensamentos na nossa cabeça são tão espalhados que não sabemos por onde começar. Eis um truque que o meu amigo Paul Abbott me ensinou:

Simplesmente comece.

Mesmo se você não sabe para onde está indo. Comece assim mesmo. Se for uma narrativa, uma pintura, uma ideia para um empreendimento de negócios… apenas mergulhe nisso.

Abra uma pasta no seu laptop. Dê um nome para ela.

Abra um arquivo nessa pasta. Dê um nome para ele.

Agora comece.

O universo se auto-organiza

Há algumas semanas atrás, eu escrevi uma postagem neste espaço sobre a natureza auto-organizadora do universo. É verdade. É uma lei.

Assim que você começa a trabalhar (e o trabalho rende), uma coisa incrível começa a acontecer. O trabalho gera seu próprio campo gravitacional.

É como poeira estelar se juntando. Uma partícula se forma, a qual puxa outra, que se torna um cisco, depois uma nódoa, depois uma esfera, uma bolha, um tijolo, um Volkswagen. Logo logo você terá uma orbe  legítima… uma esfera… um planeta miniatura, como aquele em que o Pequeno Príncipe vivia. Lembra do livro de Saint-Exupery? O planeta do príncipe era tão pequeno que ele percorria sua circunferência em dez passos.

Mas ele tinha gravidade. Sua massa exercia força centrípeta suficiente para evitar que o Pequeno Príncipe se perdesse no espaço.

A gravidade é nossa amiga

É assim que nosso trabalho funciona, uma vez que alcançamos a massa limiar mínima. Ela adere. Ela ganha coerência.

Ela nos dá um lugar onde ficarmos de pé.

Você está escrevendo uma narrativa. Você tem uma cena ali, um fragmento. Mas o trabalho está por todo o lugar; você não sabe que diabos é ou para onde vai. Mas agora, no estágio do planeta do Pequeno Príncipe, você realmente tem Alguma Coisa. Isso é melhor do que Nada. Nós podemos construir em cima desse Algo.

Ainda empacado? Comece outra partícula de poeira. Construa em cima dela até ter um segundo planeta. O que acontece então? Os planetas começam a se atrair um ao outro. Você agora tem uma massa. Você tem gravidade. Entre um fragmento de uma cena em um planeta e uma noção de um personagem no outro, uma carga elétrica se ativa. Repentinamente, você tem uma cena inteiramente nova envolvendo aquele personagem! Algo mais Algo resulta em Algo Mais.

Gravidade mais Intenção é igual a Força Cinética

A gravidade, como o hábito, pode ser um poderoso aliado porque ela leva inevitavelmente a outro fenômeno newtoniano: a força cinética.

O planeta do nosso Pequeno Príncipe, como descobrimos, possui não apenas massa, mas movimento. Ele está se movendo pelo espaço. Nossa energia, nossa intenção, nossa atenção estão dando força para ele. E agora?

Continue a se mover.

Não pare. Não fique fazendo segundas avaliações. Não olhe para trás. Tire coragem do quão longe você já veio. De uma partícula até uma bolha e até o seu próprio minúsculo planeta. Agora continue andando.

Não se preocupe, você não irá cair. Você tem a gravidade trabalhando por você.

(por Steven Pressfield | 4 de novembro de 2009 | traduzido por mim – Original CLICANDO AQUI.)

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